
Por Redação Ouller
A compra de imóveis rurais por parte de investidores urbanos cresceu de forma expressiva em 2025. O movimento, que até pouco tempo se restringia a grandes produtores e herdeiros do agronegócio, passou a atrair empresários, profissionais liberais e grupos de investimento com perfil patrimonialista. A valorização da terra, associada à proteção contra volatilidade e à possibilidade de renda passiva, transformou o campo em ativo estratégico.
Em estados como Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia, o volume de transações envolvendo áreas agricultáveis aumentou de forma contínua. Em regiões do Sul e do Sudeste, áreas médias e pequenas com potencial de arrendamento ou projetos ambientais também passaram a ser negociadas com mais frequência. Escritórios especializados em intermediação rural registram alta na procura por propriedades de perfil produtivo, inclusive por parte de compradores que não têm histórico no setor.
A tendência vem sendo impulsionada por três fatores principais. O primeiro é a valorização acumulada da terra nos últimos ciclos. Mesmo com oscilações climáticas e de mercado, propriedades com solo fértil e localização logística mantiveram trajetória de apreciação. O segundo é a percepção de segurança jurídica e estabilidade patrimonial associada à posse da terra. O terceiro é a busca por proteção diante de um ambiente de juros elevados, inflação persistente e ativos financeiros com retorno real incerto.
Com os juros em patamar alto, investidores mais conservadores passaram a olhar para imóveis rurais como alternativa de diversificação que alia preservação de capital e geração de renda. A renda oriunda de arrendamento varia conforme a região e o tipo de uso, mas há contratos indexados que garantem rendimento anual entre dois e quatro por cento sobre o valor da propriedade, sem exposição direta à operação agrícola.
A profissionalização do mercado também avançou. Consultorias oferecem pacotes completos de aquisição que incluem análise documental, regularização fundiária, avaliação agronômica e estimativas de retorno com base em produtividade e demanda local. Em muitos casos, a decisão de compra é feita sem visita presencial, com base em imagens por satélite, mapas de relevo e laudos técnicos sobre o uso do solo.
O apelo da terra como ativo de longo prazo está associado à sua escassez estrutural. Diferentemente de imóveis urbanos, sujeitos à saturação de oferta e instabilidade regulatória, as áreas rurais produtivas com boa logística e documentação regular ainda são limitadas em volume. Isso sustenta a tese de valorização patrimonial contínua, mesmo em ciclos econômicos adversos.
Embora a maior parte das operações ainda envolva compradores de médio e grande porte, começam a surgir modelos fracionados, como fundos de agroimóveis e plataformas de compra compartilhada, voltados a investidores com menor capital disponível. A liquidez, nesses casos, é baixa, mas a atratividade permanece como aposta de longo prazo.
Em 2025, a terra consolidou seu lugar como ativo de proteção e valorização patrimonial. A nova febre do campo reflete uma mudança de mentalidade entre os investidores brasileiros, que passaram a enxergar no imóvel rural não apenas um símbolo de tradição, mas uma peça racional dentro da lógica moderna de alocação de capital.